Eduardo Stark
C. S. Lewis é conhecido por ter sido o autor de Crônicas de Nárnia e por muitos anos foi amigo de J. R. R. Tolkien. Ambos serviram como soldados na Primeira Guerra Mundial e aparentemente seus serviços à nação não se limitaram ao cambo de batalha. Descobertas recentes indicam que ambos realizaram trabalhos de atividade secreta para o governo britânico durante a Segunda Guerra Mundial.
Em artigo anterior (postado AQUI), foi detalhado aspectos da possibilidade de que Tolkien teria atuado como um agente do governo para quebrar códigos secretos dos Alemães durante a Segunda Guerra.
Está registrado em carta escrita pelo próprio Tolkien e no livro dos estudiosos Wayne Hammond e Christina Scull, que o Professor foi chamado para trabalhar no departamento de Criptografia do Ministério das Relações Exteriores em caso de guerra em Janeiro de 1939 e que realizou cursos nessa área em Março, tendo sido dispensado naquele momento em outubro do mesmo ano.
Em 16 de Setembro de 2009, o jornal The Daily Telegraph publicou uma notícia com o título: “J. R. R. Tolkien treinado como um espião britânico: O novelista J. R. R. Tolkien treinou secretamente como um espião do governo pouco antes da Segunda Guerra mundial, novos documentos foram divulgados”. A reportagem diz que Tolkien foi considerado apto e que passou nos exames do curso, podendo ser logo depois chamado para servir ao governo.
Em Abril de 2015 foi publicado o livro “J.R.R. Tolkien: Codemaker, Spy-Master, Hero: an unauthorised biography” (J. R. R. Tolkien: codificador, Mestre Espião, Herói: uma biografia não autorizada) de Alex Lewis (ex diretor da The Tolkien Society) e Ruth Lacon. Nesse livro, os autores detalham essas atividades de Tolkien como um suposto agente secreto do governo britânico.
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Tolkien e C. S. Lewis
Há uma série de documentos e informações sobre as atividades de Tolkien na época da Guerra, enquanto que até o momento não havia nada que levantasse a hipótese de C. S. Lewis ter realizado alguma coisa do tipo secreta.Mas parece que essa ideia está começando a ser discutida entre os estudiosos do autor de Nárnia.
C. S. Lewis como agente secreto
Agora, em uma descoberta recente, um estudioso de C. S. Lewis descobriu que esse escritor possivelmente foi também um agente secreto a serviço do governo britânico contra os nazistas, durante o período da Segunda Guerra Mundial.
No artigo publicado em dezembro de 2015, com o título “C. S. Lewis was a secret Government Agent” (C. S. Lewis foi um agente secreto do governo), Harry Lee Poe, que é um colecionador de livros e objetos relacionados a C. S. Lewis, afirma ter encontrado um áudio com a voz de C. S. Lewis em uma palestra intitulada: “The Norse Spirit in English Literature.” (O Espirito Nórdico na Literatura Inglesa).
Dr. Harry Lee Poe é professor na Union University in Tennessee e é autor de vários livros, incluindo “The Inklings of Oxford: C. S. Lewis, J. R. R. Tolkien, and Their Friends”. A descoberta do áudio ocorreu de forma corriqueira, quando o estudioso comprou pelo Ebay acreditando ser alguma das gravações feitas pelo C. S. Lewis no período da guerra.
O áudio foi gravado em Maio de 1941, e segundo Harry Lee Poe esse trabalho tinha a finalidade de ser transmitido aos Islandeses, em uma espécie de propaganda de guerra.
Segue abaixo os principais trechos e conclusões traduzidos para o português:
A primeira coisa que descobri foi que o the Joint Broadcasting Committee foi um braço de inteligência secreto britânico que serviu com o propósito de propaganda por meio da radiodifusão para as pessoas em território inimigo ocupado durante a Segunda Guerra Mundial. Até agora, o público em geral e do mundo da erudição não tinham ideia de que C. S. Lewis iniciou um serviço de guerra com a realização de uma missão para o MI6.
Muito antes de James Bond, Lewis prestou serviço a este ramo clandestino de inteligência britânica, que foi tão secreto por tanto tempo que poucas pessoas sabiam da sua existência e poucos desses sabiam seu nome real. Alternativamente conhecido como Inteligência Militar, o Serviço Secreto, e MI6, seu nome atual deve ser Serviço Secreto de Inteligência.
Lewis chamou a atenção do MI6, que precisou dele logo depois da invasão alemã da Noruega e da Dinamarca, em 9 de abril de 1940. Mesmo os britânicos terem enviado tropas para a Noruega para combater a invasão alemã, já era tarde demais para intervir na Dinamarca, cuja submissão foi realizada em apenas um dia. Um mês depois, em 10 de Maio de 1940, as forças alemãs invadiram a Holanda, Bélgica e França, e até 22 de Junho o governo francês capitulou, deixando a Grã-Bretanha para lutar sozinho.
Naquela mesma manhã de Maio, no entanto, os britânicos fizeram a melhor coisa possível para ajudar a Dinamarca e o resto da Europa: Eles iniciaram uma invasão surpresa na Islândia, que era parte do Reino da Dinamarca. A Importância estratégica da Islândia no Atlântico Norte era conhecida desde as viagens dos Vikings há mil anos…
Embora o controle britânico da Islândia fosse crítico, a Grã-Bretanha não podia se dar ao luxo de manter suas tropas na ilha enquanto batalhas maiores aconteciam em outros lugares, começando com a luta pela África do Norte. Sustentar a Islândia dependia da boa vontade do povo da Islândia, que nunca pediu para ser invadido pelos britânicos. Se a Grã-Bretanha mantivesse a boa-fé dos islandeses, em seguida, Churchill poderia ocupar a ilha com tropas de reserva, em vez de suas melhores forças de combate.
O Joint Broadcasting Committee recrutou C. S. Lewis para gravar uma mensagem para o povo da Islândia a ser difundida por rádio daquele país. Lewis não fez registro algum de sua missão, nem parece ter mencionado a ninguém. Sem revelar seu envolvimento com a inteligência militar, no entanto, Lewis fez uma revelação indiscreta para seu amigo Arthur Greeves, em uma carta datada de 25 de maio de 1941. Lewis observou que três semanas antes, ele havia feito um registro de gramofone que ele ouviu depois. Ele escreveu que tinha sido um choque ouvir sua própria voz pela primeira vez. Não soou como sua voz soava para si mesmo, e ele percebeu que as pessoas que o imitavam tinham realmente chegado perto!
Dr. Harry Lee Poe se questiona sobre quem poderia ter indicado C. S. Lewis para essa missão e afirma: “Talvez um de seus alunos em Oxford o recomendo para sua missão”. E Lee Poe ainda complementa: “Uma missão incomum para a qual poucas pessoas eram adequadas. J. R. R. Tolkien tinha o conhecimento para o trabalho, até mais do que o Lewis, mas Tolkien não tinha outras habilidades que Lewis possuía”.
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C. S. Lewis, escritor e amigo de Tolkien
Até aquele momento (1941), Tolkien não havia publicado seu livro de maior sucesso “O Senhor dos Anéis” e era conhecido apenas por suas habilidades como professor de Oxford e pelo pequeno livro publicado O Hobbit. Tolkien nunca foi visto como um bom orador, até pelo seu jeito rápido e retraído de falar.
Mas se for analisada uma ordem cronológica, Tolkien havia sido contactado pelo governo dois anos antes que Lewis, então pode ser que o próprio amigo tenha indicado o outro para uma missão secreta.
Os mistérios em torno dessas atividades permanecem em secreto. Tal como boa parte dos documentos da Segunda Guerra ainda permanecem. Possivelmente em alguns anos as respostas concretas virão a público, ou essas missões eram tão secretas que não deixou registro para a posteridade…
O post Tolkien e C. S. Lewis foram agentes secretos durante a Segunda Guerra Mundial? apareceu primeiro em Tolkien Brasil.